Com os acelerados avanços tecnológicos e as mudanças culturais observadas nas últimas décadas, tornou-se indispensável para qualquer empresa acompanhar os assuntos que movem a sociedade e os valores que norteiam o estilo de vida dos consumidores.
Surgidos em meados do século 20, os conceitos de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável passaram a ser amplamente debatidos a partir das décadas de 1960 e 1970, e se tornaram fatores relevantes também nos ambientes corporativos. Portanto, as discussões sobre sustentabilidade não são novas, mas ainda estamos longe de atingir modelos ideais de crescimento.
Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma agenda mundial composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidas até 2030. Porém, passados sete anos desde a criação dos ODS, o Brasil ainda não apresenta progresso satisfatório em nenhuma das 169 metas dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável.
Fonte: Agência Fapesp
Se, por um lado, deixou de ser suficiente preocupar-se exclusivamente com a redução dos custos e a maximização dos lucros, por outro, ainda é necessário atentar para as urgências do meio ambiente e adotar estratégias para um desenvolvimento responsável.
Com consumidores e investidores cada vez mais conscientes e atentos a questões éticas, muitas empresas passaram a implementar medidas para mitigar o impacto ambiental gerado por suas atividades.
Entretanto, outras organizações enxergam a necessidade de adotar discursos de apoio à sustentabilidade, que correspondam às expectativas dos consumidores, sem que, de fato, coloquem em prática ações sustentáveis.
A esse comportamento falacioso chamamos “greenwashing” – ou “lavagem verde”, em português.
Se você deseja compreender um pouco mais sobre a importância de adotar práticas realmente sustentáveis e como evitar o greenwashing em sua empresa, leia o artigo que a Techedge preparou para você!
O que é o Greenwashing?
O conceito de greenwashing tem sido utilizado para designar a conduta de empresas que se dizem supostamente apoiadoras das causas ambientais, mas que, na prática, não adotam processos realmente sustentáveis.
Seja por meio de estratégias mal planejadas, protocolos incompletos e incorretos, compartilhamento de informações inverídicas, iniciativas sem impacto concreto ou por falta de uma assessoria especializada, o greenwashing é uma má prática de marketing sustentável e pode trazer sérias consequências para as empresas – como a perda de credibilidade perante o mercado e até mesmo sanções legais, uma vez que realizar propaganda enganosa é crime.
Com o objetivo de ganhar visibilidade e se promover à custa de discursos “politicamente corretos”, marcas greenwashing se apropriam da temática ecológica sem que, de fato, empreendam ações que gerem mudanças significativas para o meio ambiente, e perdem a excelente oportunidade de implementar estratégias ESG.
O termo ESG é uma abreviação para "Environmental, Social and Governance" (literalmente traduzido como ambiental, social e governança), conceito que ganha destaque como uma estratégia sustentável para a gestão de negócios.
Tendo como pilares o comprometimento com o meio ambiente, a responsabilidade social e a ética nos processos corporativos, o ESG:
- tenta mitigar os efeitos negativos causados pela exploração da natureza pelas atividades econômicas;
- busca desenvolver uma relação respeitosa e positiva com a comunidade, trabalhando ativamente para gerar um impacto benéfico para a vida em sociedade;
- e atenta para as questões de conduta corporativa e demais temas relacionados às boas práticas de gestão sustentável.
Para alcançar os três pilares do ESG, são empreendidas ações realmente comprometidas, orientadas por procedimentos e dados que direcionem as estratégias, acompanhem a implementação e o desenvolvimento das práticas e, por fim, comprovem a eficiência e a eficácia das medidas adotadas.
Por que uma empresa precisa ter práticas reais voltadas à sustentabilidade?
Não é de hoje que o colapso ambiental do planeta Terra vem sendo anunciado por diversos especialistas, que alertam para a urgência em uma mudança radical de paradigmas. Estudiosos e organizações ligadas ao meio ambiente compartilham suas preocupações e não medem esforços para conscientizar o público geral sobre a necessidade de adotar novas práticas cotidianas – e isso inclui os ambientes corporativos.
Assim, empresas realmente comprometidas com o desenvolvimento sustentável devem ter ações voltadas para a resolução de problemas como aquecimento global, emissão de gases poluentes, desmatamento, eficiência energética, gestão de resíduos, poluição do ar e da água, contaminação de solos e preservação da biodiversidade.
Práticas voltadas à sustentabilidade também perpassam o âmbito social e devem ser abordadas questões relativas a direitos humanos, leis trabalhistas, proteção de dados, respeito à diversidade, combate ao racismo e à misoginia, inclusão social, entre outras.
Além da óbvia relevância para o bem-estar coletivo, manter práticas sustentáveis também pode trazer resultados muito positivos para as corporações. Em pesquisa realizada pela consultoria The Boston Consulting Group (BCG), ficou provado que empresas que trabalham em prol do meio ambiente e praticam uma gestão sustentável têm margens de valorização mais altas do que aquelas que não investem em sustentabilidade. De acordo com a BCG, empresas com iniciativas sustentáveis alcançam um valuation de 3% a 19% maior do que as demais.
A pesquisa também mostra que o crescimento do investimento socialmente responsável está acelerando, representando mais de 36% dos ativos globais sob gestão e devem totalizar US$ 53 trilhões até 2025.
Evitar boicotes, multas e uma indesejada associação de imagem a práticas antiéticas são algumas das preocupações diárias de gestores que acompanham atentamente as exigências do mercado. Desse modo, manter uma relação equilibrada com a sociedade e o meio ambiente, por meio de uma gestão sustentável, tornará mais promissor o futuro das empresas e, obviamente, de todo o planeta.
Como evitar o greenwashing?
Algumas atitudes simples podem impedir que a sua empresa caia na prática de greenwashing. Primeiramente, é importante garantir que as estratégias de marketing desenvolvidas na organização sejam verdadeiras e correspondam aos reais processos e valores perpetrados pela empresa. Invista em uma publicidade ética e legítima, que apresente ao público ações concretas. É indispensável atentar à linguagem utilizada e evitar termos vagos e inconsistentes, que sugerem correlação às pautas ambientais, mas não trazem dados consistentes.
E por falar em dados, é urgente que as empresas estabeleçam métricas que acompanhem de forma fidedigna as práticas voltadas à sustentabilidade. Uma das maneiras mais eficientes de consolidar as práticas ESG nas empresas é implementar ferramentas que facilitem o gerenciamento da estratégia de sustentabilidade, administrando a complexa cadeia de valor de fatores ambientais, sociais e governamentais. Assim, além de melhorar a comunicação entre os diversos setores da empresa, a utilização de soluções tecnológicas adequadas possibilitará a geração de relatórios confiáveis e aprofundados, baseados em dados e insights em tempo real.
O que são ODS da ONU?
Quer saber o que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que mencionamos no início deste artigo? Confira os tópicos a seguir!
Agenda 2030
A Agenda 2030 da ONU é um plano global que estabelece metas e objetivos de desenvolvimento sustentável, a serem atingidos até 2030. Criado em setembro de 2015, durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, com a participação de 193 estados-membros, o documento Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável apresenta 17 objetivos e 169 metas universais para alcançar a erradicação da pobreza, a proteção ao meio ambiente e ao clima e garantir o Estado de Direito, os direitos humanos e a responsividade das instituições políticas.
Qual a relação dos ODS com o ESG?
Os 17 ODS da ONU são interconectados e agrupam os maiores desafios globais em três campos do desenvolvimento sustentável: o econômico, o social e o ambiental.
Nesse sentido, os critérios de ESG dialogam diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, tratando diretamente dos desafios e vulnerabilidades que envolvem a obtenção de um desenvolvimento realmente sustentável em escala global.
A estratégia ESG – com seus pilares éticos nas esferas ambiental, social e de governança – é, em suma, a própria sustentabilidade empresarial e, entre as empresas que já estão atuando na aplicação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, muitas estão se tornando signatárias do Pacto Global.
O Pacto, lançado nos anos 2000, é a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com mais de 16 mil participantes, entre empresas e organizações, distribuídos em 160 países.
Criado em 2004, em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, o termo ESG surgiu como uma provocação de Kofi Annan, então secretário-geral da ONU, a grandes instituições financeiras, sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
Mais do que uma simples sigla “da moda”, a prática do ESG significa responsabilidade socioambiental, credibilidade e boa reputação para as empresas, de modo que os impactos positivos também são sentidos pela corporação.
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