Em um país como o Brasil, cheio de contrastes e que enfrenta grandes desafios tanto no âmbito social como no ambiental, a agenda ESG se faz ainda mais urgente.
Do inglês “Environmental, Social and Governance”, o ESG é, por definição, “uma avaliação da consciência coletiva de uma empresa para fatores sociais e ambientais” - e com o advento da pandemia de Covid-19, essa discussão ficou ainda mais latente em todo o mundo.
Como consequência, as empresas que adotaram fatores ambientais, sociais e de governança têm hoje uma vantagem na criação de valor e oportunidades de investimento.
De acordo com uma pesquisa recente da ERM - consultoria especializada em sustentabilidade, 70% dos entrevistados de private equity viram o ESG influenciar positivamente seus investimentos. Ao mesmo tempo, mais de 95% dos entrevistados afirmaram que ainda não acessaram todas as oportunidades de criação de valor do ESG.
Então, como as empresas de private equity podem preencher essa lacuna e aproveitar todo o potencial do ESG? E como focar nessas estratégias de forma prática e palpável?
Vamos mostrar a seguir a importância das estratégias ESG, seus desafios e um passo a passo para começar agora mesmo a planejar essa implementação. Confira:
Por que são necessárias estratégias ESG?
A resposta dessa pergunta é muito ampla e passa, como o próprio significado da sigla ESG diz, pelos âmbitos sociais, ambientais e governamentais. Construir uma sociedade mais justa, evitar novas pandemias, reduzir os riscos das mudanças climáticas e ainda gerar crescimento econômico são algumas das respostas para ela.
Mas para tudo isso acontecer, teremos que criar economias e sistemas mais sustentáveis.
A boa notícia é que as estratégias ESG têm ganhado cada vez mais notoriedade em linhas de crédito - o que, por consequência, faz com que elas sejam adotadas em maior escala.
Um exemplo disso é que, em resposta à pandemia da Covid-19, o Brasil ampliou as linhas de crédito atreladas aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (OBS), da Organização das Nações Unidas.
Em uma matéria recente do Estadão, o Presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), Sergio Gusmão Suchodolski, diz que relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontou o potencial das instituições financeiras de desenvolvimento para fomentar novos instrumentos de crédito com o carimbo da sustentabilidade.
“O que o relatório apresenta é que temos no Brasil carteiras que já tinham uma presença relevante de percentual de créditos sustentáveis, 17% no caso do BNDES e 15% do BDMG. Houve um aprofundamento muito significativo de 2018 para 2020”, conta.
Portanto, o que podemos ver claramente é uma aceleração do fluxo de recursos para empresas que abraçam de forma consistente o ESG. À medida que ele amadurece, as empresas que lideram o processo - principalmente na Europa - falam menos sobre iniciativas ESG discretas e segregadas e mais sobre encantar clientes, ganhar participação de mercado, envolver funcionários, criar o melhor ambiente de trabalho e adotar práticas ambientalmente corretas.
Veja a seguir quais são os desafios ESG no private equity e como as empresas podem contorná-los para adotar essa agenda.
Desafios ESG no Private Equity
Como o conceito ESG é amplo, muitas vezes acaba sendo difícil de definir ações práticas que promovam comprovadamente um impacto positivo. Por isso, existem alguns desafios em cada área de atuação. Veja:
Ambiental
Além de recentes acordos ambientais que desagradaram defensores do meio ambiente, o Brasil atualmente também sofre com um problema da descrença na materialidade de ações sustentáveis das empresas.
A desconfiança gira em torno do greenwashing (marketing verde, mas sem práticas concretas), atuação que ficou mais popular nos últimos anos.
Portanto, para um maior avanço do tema no mercado, a demonstração de dados concretos e comprovados de preservação e de atitudes ambientalmente éticas se faz necessária - e urgente.
Social
Um dos desafios do ESG no private equity é alinhar os novos valores às práticas antigas no que diz respeito ao social (incluindo as relações de emprego, consumo e estilo de vida). Cenários em que as empresas abrem vagas voltadas para minorias mais vulneráveis, por exemplo, ainda são raras e nem sempre implementadas com a volumetria necessária.
Dessa forma, é preciso ter metas bem definidas e relatórios com resultados concretos no que diz respeito à práticas sociais que impactam não só os funcionários do terceiro setor, mas a sociedade como um todo.
Governamental
O engajamento político responsável desempenha um papel muito importante na contribuição para um sistema financeiro mais sustentável. Nesse pilar, os principais desafios incluem a falta de dados e marcos regulatórios (ainda que eles sejam mais estruturados aqui do que nos dois primeiros pilares).
Aqui, a tecnologia pode ser um instrumento na integração dos cenários de governança, um meio de monitoramento dos riscos e controle das empresas.
Considerações para empresas de private equity desenvolvendo uma estratégia ESG
- Avalie sua empresa - é preciso coletar dados concretos sobre as atividades ESG que já existem ou que podem ser implementadas dentro da organização.
- Priorize oportunidades de alto impacto - não só em termos econômicos, mas também em termos sociais e ambientais.
- Defina metas - elas devem ser palpáveis e mensuráveis.
- Estabeleça padrões de relatórios - as pontuações podem avaliar seu nível de implementação ESG, tanto em termos absolutos quanto em relação ao benchmark.
- Integre ESG às estratégias de mitigação de risco existentes - como, por exemplo, a definição de papéis e responsabilidades, monitoramento contínuo de potenciais cenários de crise e o uso de métodos, controles e planos de gestão de crises.
Como podemos ver, as empresas de private equity que quiserem sair à frente e seguir as tendências mundiais podem começar a seguir as práticas de mercado, como monitorar as pontuações ESG e criar relatórios de impacto.
As ferramentas tecnológicas são muito úteis nesse contexto. Elas ajudam os investidores a entenderem o panorama geral do mercado, a analisarem os riscos e as oportunidades existentes relacionadas às aplicações financeiras ESG, o que ajuda no desenvolvimento de uma estratégia sólida de investimentos.
A tecnologia também ajuda os investidores a terem uma compreensão mais precisa em relação ao funcionamento dos fatores ESG e se prepararem para futuras mudanças regulatórias.
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